T ficou cinco anos sem se relacionar com um homem, após o fim do seu casamento. Um certo e mágico dia, sentiu falta de amor e sexo e resolveu colocar o perfil num site de relacionamento. Bonita e charmosa, logo conseguiu diversos interlocutores.
Conversa vai conversa vem, após alguns encontros frustrados, T iniciou um relacionamento com um homem mais ou menos da mesma idade, cujos atributos físicos e a forma de comunicação verbal muito lhe agradaram. Para seu total encanto, Gato, vamos chamá-lo assim, disse estar solteiro e provou, levando T à sua residência, um apartamento ascético que necessitava, obviamente, de um “toque feminino”.
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Isto posto, Gato pareceria a T um verdadeiro príncipe encantado, não fosse um pequeno senão: Gato parecia não ter muitas aspirações. Tinha um emprego fixo, no qual havia possibilidades de ascensão, mas não parecia se interessar. Ganhava e vivia modestamente e pagava pensão para um filho, o que diminuía ainda mais seus rendimentos. T, por sua vez, era uma mulher bem sucedida profissionalmente e que, provavelmente por sua origem humilde, valorizava muito o sucesso profissional
Enquanto os encontros com Gato se tornavam cada vez mais interessantes, e o sexo mais envolvente, T se debatia em dúvidas: ficar com Gato ou explorar novas possibilidades de relacionamento com possíveis homens ideais, ou seja, homens com mais expectativas de sucesso que Gato.
Um dia, T desabafou com sua amiga psicóloga: “Gosto cada vez mais do Gato: ele é romântico, me liga e manda torpedos a toda hora, se perfuma todo para mim, elogia meu corpo mas, depois que paga a pensão do filho, sobra muito pouco e ele poderia... sei lá, ganhar mais, ser mais ambicioso!
“Olha, T - respondeu a amiga:“Você tem seu belo emprego, recebe pensão do ex, seus filhos estão criados. Então, pra que você precisa tanto de um homem que ganhe bem? Se ele é carinhoso, bom de cama e te dá tanta atenção... relaxa, amiga e vai fundo! Quanto ao emprego, você pode ir estimulando ele a incrementar a carreira...”
T ficou pensando nas palavras da amiga e foi se deixando levar pelo jeito carinhoso do namorado. Durante alguns meses, tudo correu às mil maravilhas e, enquanto estimulava Gato a estudar para as provas da empresa em que trabalhava, T ia melhorando a qualidade de suas toalhas e lençóis.
A primeira crise veio quando Gato deu desculpas esfarrapadas para não encontrá-la e T ficou muito desconfiada. Eram trabalhos inesperados em finais de semana e todos envolviam idas à cidade vizinha. Acrescentava-se a isso, a falta de continuidade dos encontros que. apesar disso, continuavam a ser maravilhosos. Assim, T chegou á conclusão que seu príncipe não queria compromisso e terminou o relacionamento, para desespero de Gato, que insistiu, insistiu e reconquistou a amada.
Vieram novos finais e outras reconciliações até que T, por motivo de ascensão, veio morar na mesma cidade que sua amiga psicóloga. Gato, muito solícito, acompanhou-a na viagem em que os dois dividiram a direção do possante carro de T. Muito atencioso e solícito, Gato ajudou-a a arrumar a casa e a fazer as primeiras compras, só partindo depois que ela estava instalada.
Duas semanas depois, após um jantar comemorativo, T ligou para sua amiga psicóloga, muito entusiasmada, contando que Gato chegaria de surpresa, a caminho de um casamento em Recife. Ele voara do sudeste ao norte para encontrar T, quando poderia ter ido diretamente para seu compromisso no nordeste do país.
Ao ouvir a admiração da amiga, T retrucou: mas ele nem precisou pagar a passagem!
Se eu fosse a amiga de T, diria:
Querida, ninguém se dá ao trabalho de viajar tanto, mesmo que não pague pela passagem, se não tiver um motivo forte. Se ele veio vê-la assim, de surpresa, mudando o antigo roteiro, viajando à noite, se desviando da rota para encontrá-la, é porque ele gosta de você e sente sua falta. Não é seu primeiro, não é o único e provavelmente não será seu último amor.
Mas é um amor para vivenciar, antes de analisar. Você me disse que ele está se esforçando para crescer no trabalho, voltando a estudar. Isso também é prova de afeto da parte dele, uma vez que suas palavras o influenciam e ele deseja sua aprovação.
Vá em frente, pois nada na vida é perfeito. Viva essa relação enquanto perceber que ela a fortalece e exercite a difícil arte de ser feliz.
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Precisamos, de vez em quando - pelo menos - viver o momento; mas viver intensamente. Assim, existe chance de sermos felizes!
ResponderExcluirFafá, que boa surpresa! Pelo seu comentário, percebi que o texto "fala" o que eu pretendia dizer. Bj
ExcluirA palavra 'relacionamento' é complicada, se a gente procura complicar. Li, dias atrás, o livro "Um Dia" de David Nicholls que detalha como anda o relacionamento entre duas pessoas (Dexter e Emma), ano após ano, no dia 15/07 (Dia de São Swithin no calendário inglês). No caso, eles procuravam não esclarecer o que um era para a outra, por quase 20 anos.
ResponderExcluirE está chegando o dia do Oscar.... eu assisti "Homens que não amavam as mulheres", é muito bom...
Nozomi Yuntaku