Às
vezes assisto, no canal GNT, a um Programa sobre casamento que tem o gracioso
título de “Chuva de Arroz”. Em cada
episódio, Chuva de Arroz conta a história de dois casais, a partir do modo como
se conheceram, destacando os acontecimentos mais importantes, até a cerimônia
do casamento, passando pelos detalhes do grande dia.
Sem
querer criticar o programa em si, o que gostaria de comentar aqui é a minha
percepção de como se está banalizando a cerimônia do casamento. Tudo bem que a noiva chegue num barco, e
precise enfiar as pernas na água até os joelhos, molhando o buquê e a barra do
vestido. Nada contra um casamento numa
casa de fazenda, distante de tudo, obrigando os pobres convidados a se deslocar
para um fim de mundo qualquer. Apenas, creio
que é interessante refletir se algumas excentricidades não seriam mais
adequadas em um baile de carnaval. E por
falar em carnaval...
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Ele e Ela resolveram casar-se à moda caipira. Esqueçam aquele noivo elegante, vestindo um terno bem cortado, com uma flor na lapela. Esse vem com um enorme chapéu de palha com aba desfiada, cavanhaque e bigode fake, gravata torta, camisa xadrez e uma enorme margarida amarela no peito, acompanhada de outras menores, espalhadas pelo blazer marrom. A seu lado, a noiva, vestida de forma quase tradicional, parece antecipar um futuro em que apenas a mulher se preocupará em permanecer bonita e cuidadosamente arrumada. Nessa cerimônia, também merece destaque, o “altar”, em forma de barraca de quermesse junina, devidamente multicor.
De
uma fantasia a outra, o grande destaque é o casal Elvis Presley e Marilyn
Monroe, numa improvável união que, além
do mais, foi celebrada por um Papa. Não
se assustem! Os falecidos astros podem
descansar em paz. Os noivos estavam
“apenas” fantasiados e o Papa em questão é um amigo do casal. Além de
fantasiados, o casal interpretou sua entrada no salão: enquanto Elvis, o noivo,
com os inevitáveis topete e costeletas, dublava uma canção de Elvis, o ídolo; a
noiva Marilyn, usando o vestido branco semelhante ao da clássica foto em que
Marilyn, a estrela, mostra as pernas, entrava sozinha na igreja, fazendo
trejeitos, numa caricatura de sensualidade. Em lugar do buquê de
flores, segurava um objeto feito de broches, brincos, pulseiras e presilhas de
cabelo.
Mas,
afinal, o que aquelas pessoas estavam fazendo ali? Elas se conheceram,
construíram um relacionamento, passaram por alguns percalços. Finalmente, perceberam que chegara o momento de selar sua união, que elas desejam que seja
para sempre, e que esse momento seja um marco na vida, assistida pelos
familiares e amigos de ambos. Penso que,
neste momento, são bem-vindos a alegria, as cores, os doces e o belo
vestido. É natural que a noiva deseje
estar com uma aparência maravilhosa, maquiagem perfeita, sapatos elegantes e
pele translúcida. É previsível também
que todos esses detalhes combinem com a personalidade do casal e seja o
coroamento da realização do seu sonho.
Mas, não estaremos indo longe demais na busca do que é exótico,
diferente, fora do comum? Seria mesmo esse o momento para dar vazão à
necessidade de fantasia?
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Penso
que aquilo que é sério está perdendo o sentido e quero lembrar que sério não
significa triste. Segundo o dicionário,
sério significa digno, honesto,
imaculado, honrado, íntegro. Após
a cerimônia, vem a festa, que é o momento de confraternizar, dançar, brincar. A
cerimônia é o marco consagrador da união e por isso exige dignidade, integridade, pureza.
A cerimônia deve ser imaculada.
Não importa o tradicionalismo das vestes ou a suntuosidade do
salão. O que importa são as intenções. A
frase “pode beijar a noiva” é a liberação para festejar, a transição entre a
integridade da cerimônia e o à vontade da festa.
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Então,
vem o momento dos cumprimentos, de jogar o buquê para as solteiras, de brindar
com champanhe e cortar o bolo. À medida que o tempo passa, o cerimonioso vai
dando lugar ao festivo e chega o momento de dar vazão à alegria. De preferência, sem desrespeitar a religião
dos outros, escolhendo para celebrante, um amigo fantasiado de si mesmo.
A cerimônia em si não me diz muita coisa, mas já que se vai participar que se faça com seriedade.
ResponderExcluirOi, Ana o que se vê no Sul é que se gasta muito para fazer uma festa de casamento. São muitos detalhes ou prestadores de serviços. Coisa que não existia antigamente.
ResponderExcluirHoje em dia começa com o cerimonial (uma fortuna) que faz os "pombinhos" darem asas à imaginação. Não tem fim. Ao gosto do freguês: gosta do tradicional? ser diferente? muito luxo? simples? e nessa hora, a última coisa que se pensa é sobre o grande passo dado.... bjs Suzana
Recentemente, assisti ao filme: AS PALAVRAS .. com Bradley Cooper e Zoe Saldana. ótimo filme!!!
ResponderExcluirSuzana
Essenão vi,vou ver se consigo asistir. Grata pelo comentário e pela indicação.
ExcluirAgora, está perto de muitos casamentos da roça, eu disse muitos? Ah, muitíssimos, como você bem disse, todo tempo é tempo para sair do convencional, embora alguns desvirtuem mesmo esse momento.
ResponderExcluirWill, adoro os casamentos das festas juninas,porque são de brincadeira. Grata pela visita. Adorei!
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