O video-teipe da novela vinha de avião e a gente assistia ao capítulo do dia anterior. Tia Nezinha chegava do Rio de Janeiro e contava o capítulo inteiro, exibindo-se com sua "sapiência" e estragando a nossa surpresa. Mesmo assim, era muito bom ver TV, e saboreávamos cada novidade. A programação começava às 17h00 com desenhos e seriados infanto-juvenis, á noite vinham as novelas e os telejornais. Um dia, perdeu-se o pitoco: nada de novela. Silêncio. Em tempos muito anteriores ao controle remoto, era imprescindível a presença do pitoco para ligar o televisor. E sem a TV nossas noites eram tristíssimas. O rádio, que antes nos distraia, agora era um mensageiro de tristeza, com sua total ausência de imagens: apenas o som e a imaginação, que já não sabíamos usar.
Achem o pitoco e mando consertar o televisor, decretou papai! Era preciso achar o pitoco e Santo Antônio veio em nosso socorro. Mamãe fez uma oração que sua avó lhe ensinara e sonhou, vendo, com nitidez, onde estava escondido o tão desejado pitoco. No dia seguinte, acordou ansiosa e foi direto no jarrinho do sonho. Lá dentro, bem no fundo, repousava o pitoco. Foi uma festa! Chamado o técnico, instalado o pitoco, voltamos a nos deliciar com Jeannie é um Gênio, A feiticeira, Irmãos Coragem e outra atrações.
Bons tempos aqueles, em que um simples pitoco era a diferença entra a alegria e a dor...
Lembrei-me dessa história da infância, passeando com minhas amigas Rosa e Régia em Olinda,quando lembramos do pitoco, palavra mais pernambucana não há. Esse texto é minha singela homenagem para as queridas RR.
Ana Cecília
Amiga, esse teu post precisa de legenda de pernambuques para o brasiles. Aqui no Sul, nunca ouvimos a palavra pitoco para qualquer coisa ligada a TV....bjs. Nozomi Yuntaku
ResponderExcluirNozomi, vc é ótima! Bjs Cecília
ResponderExcluirCeci, além de a história ter sido contada de forma agradável, é engraçada! Adoro os termos usados por nós, pernambucanos. O "pitoco" é ótimo!
ResponderExcluirBeijos,
Fátima