domingo, 2 de dezembro de 2012

"VIAJAR É PERDER PAÍSES" E... GANHAR PESSOAS!


 
Nas férias, fui conhecer Montevideo.
Os 3 primeiros dias, passei com minha amiga Eveline, que se revelou uma excelente companheira de viagem, mas teve que partir antes, privando-me de sua companhia.  Fiquei sozinha e, ao contrário do que pensava, foi ótimo.  Sempre tive  receio de viajar sozinha, pois gosto de compartilhar.  Essa viagem, entretanto, serviu para que eu percebesse que, estando sozinha, posso conhecer mais pessoas e ter ricas experiências.


Montevideo é uma cidade iluminada pelo rio da prata, que a margeia mansamente.  Um rio ancho*, como dizem por lá. Na verdade, o mais ancho do mundo.  A água embeleza e dá leveza a uma cidade.  Na manhã seguinte à partida da minha amiga, estava passeando na rambla**, aproveitando o sol, quando conheci uma mulher gaúcha, que mora em Nova York.  Foi interessante a forma como nos entrosamos rapidamente.  Passamos o dia juntas.  Ela é artista plástica e adora portas.  Levou-me a prestar atenção nas belas portas de Montevideo, dos séculos 18, 19 e 20, que permanecem fechadas em sua maioria.  Portas altas e imponentes, trabalhadas com detalhes ou simples, por trás das quais devem existir muitos mistérios.

Andréia me levou a conhecer sua amiga Jussara, que é auditora de Bancos e mora em Nova York.  Almoçamos juntas no Mercado do Porto, um ponto turístico de Montevideo, próximo ao cais do porto, cheio de restaurantes e lojas de souvenir.  O almoço foi muito   divertido.  Jussara é uma pessoa radiante, simples e doce. Gostei muito de conhecer as duas brasileiras de Nova York.

Ainda na 4ª-feira, conheci dois homens no café da manhã.  Eles viajavam com um grupo de turistas e  acabei indo com eles assistir a um show de dança e música no El Milongon, casa de shows uruguaia.  Gostei muito!  Os artistas anônimos me encantam com sua arte e me comovem com a dedicação sem grandes recompensas materiais.  Por isso, acho feliz o dito “Artista é aquele que permanece”. O ritmo uruguaio, o candombe, se parece com o samba e o maracatu.  Também lembra a macumba e a dança dos orixás. Havia também um casal de cantores muito bons e os dançarinos de danças gauchescas e tango, maravilhosos.
 
  No passeio a Colônia do sacramento, encontrei uma colega do trabalho.  Quando perguntei se estava gostando da viagem, respondeu que Montevideo não tem muito que ver.  Lembrei-me de Andréia, que tem olhos de artista e vê a beleza das portas.  Uma cidade tem muito a oferecer se não estamos presos a um turismo plastificado.  
 No mesmo passeio, conheci Suzana, que mora em San Juan, na Argentina, perto da fronteira com o Chile. Suzana tem 3 filhos e 2 netos.  Está casada há 39 anos e é professora de história.  Suzana é uma pessoa encantadora, que me deixou um lindo bilhete e uma impressão caliente.
 “Viajar é perder países”, disse Fernando Pessoa.  Mas eu digo que viajar é ganhar pessoas e lugares, traçar em nossa mente e em nosso coração, um mapa de sensações e impressões que são diferentes para cada um de nós.


 
* largo
** calçadão
    

 

 

3 comentários:

  1. Adorei ler esse texto!!! Viajar só faz bem... Recentemente fui a Las Vegas com meus pais...Fez um bem danado à minha mãe que anda muito esquecida e antes da viagem, achava que era desanimada...A viagem deu um estalo no seu jeito de ser... ligou algum botão... Recomendo viagem para os idosos, desde que não tenham dificuldades para caminhar... tudo de bom... Nozomi

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  2. Viajei com minha mãe para Buenos Aires. Foi bom,mas ela tem dificuldade para caminhar. Parabéns pela viagem com seus pais. Os momentos felizes são o presente que recebemos da vida.

    Bjss

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    1. Adorei a descrição da nossa viagem, tudo de bom.com.br!
      Amei Montevidéu, e Punta Del Este, o que é aquilo?! Aquele mar de um azul indefinível de tão belo, a Casa Puebl em Punta Ballena... já estou com saudades.
      Você também é uma ótima companheira de viagem, até Paris!
      Bjs

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