sábado, 26 de novembro de 2011

QUERIDA GIOVANA


No dia 08 de janeiro de 1996, morreu, em Paris, o presidente Francês François Mitterrand, após governar a França durante 16 anos.  No Brasil, mais precisamente, em Varginha, Minas Gerais, bombeiros socorreram uma estranha criatura identificada como extraterrestre.  Esse fato jamais foi totalmente esclarecido e até hoje se fala no “ET de Varginha” um mito que tenta provar, a quem não acredita, que existe vida em outros planetas. 

Esses fatos marcantes fazem parte da história recente; entretanto, para um casal brasileiro e sua família, o acontecimento mais importante do século foi o nascimento de um lindo bebê de cabelos e olhos escuros, uma menininha que mudaria sua vida para sempre. Nesse ano, no final de novembro, sua mãe trouxe à luz um novo ser, que dali por diante iluminaria todas as vidas à sua volta.

Seus pais a presentearam com um nome de bela sonoridade e grafia elegante: Giovana, que significa “um grande presente de Deus”.  A passagem do tempo desenvolveu-lhe as formas e aguçou-lhe a inteligência; a vida tornou-a doce e prestativa. 

Hoje, dia 26 de novembro de 2011, você comemorará, com uma linda festa, os seus 15 anos, e essa idade é festejada porque significa a transição entre ser menina e ser mulher.  Felizmente, embora essa transição seja marcada por uma festa, você não se sentirá tão diferente ao acordar na manhã do dia 27, pois as mudanças são lentas e chegam quando menos se espera. Virá, então, o tempo das primeiras vezes: o primeiro estremecimento de emoção diante de um garoto; o primeiro namorado, o primeiro beijo, a primeira festa sozinha, a primeira desilusão, as primeiras lágrimas de amor...

Abençoada como é, você terá, ao seu lado, uma mãe amorosa que não lhe deixará faltar apoio em forma de bons conselhos; e nada melhor que o colo da mãe para uma menina-moça-mulher que pensa estar passando pelo maior e mais interminável de todos os sofrimentos.  Quando isso acontecer, não se assuste: um belo dia, junto com o sol, você se surpreenderá ao perceber que a tempestade passou.

A certa altura da vida, você descobrirá que ser mulher não é fácil, mas tem suas compensações: podemos usar lindos vestidos, sentir-nos poderosas com saltos altíssimos, nos embelezar com vários tipos de maquiagem, jóias e bijuterias... 
Podemos ter filhos ou mesmo adotá-los, e ter com eles uma ligação especial; temos a capacidade indubitável de prestar atenção a várias coisas ao mesmo tempo.  Podemos costurar, ver TV e conversar, tudo de uma só vez, e achamos objetos perdidos com muito mais facilidade que os homens.

Em contrapartida, precisamos enfrentar preconceitos pelo simples fatos de sermos mulheres e às vezes trabalhamos mais e ganhamos menos, também por esse motivo.  Em algumas ocasiões, você não saberá direito o que fazer, mas, felizmente, você tem uma família equilibrada e sempre poderá contar com ela.  Seu pai lhe dará excelentes conselhos profissionais e sua irmã será a companheira para compartilhar todos os deliciosos segredos.   

Para terminar, querida Giovana, receba meus parabéns pela maravilhosa pessoa que você é, inspiração para todos com quem convive.

Afinal, quem não gostaria de ter uma filha, irmã ou amiga como você?

Receba meu abraço carinhoso e os votos de um feliz desabrochar!

 

domingo, 20 de novembro de 2011

3 dicas de filmes pra assistir no DVD

Se você acha que não tem nenhum filme interessante nos cinemas ou simplesmente não está a fim de sair  de casa, sugiro que ligue pra sua locadora e peça um desses filmes que vou indicar.  Eu gostei e acho que você também vai gostar.

Sábado de manhã,  tinha mil coisas para resolver, por isso acordei cedo.  Sintonizei no telecine e ahhhhh, estavam exibindo Simplesmente Marta ! Entre um cochilo e outro, revi alguns trechos e  resolvi compartilhar.  Simplesmente Marta é sobre uma chef de cozinha que se dedica apenas ao trabalho, não deixando lugar em sua vida para qualquer tipo de relacionamento, a não ser com a irmã, que mora em outra cidade. Mas, quando a gente resolve deixar tudo como está, as mudanças acontecem a nossa volta.  Então, não tem outro jeito: precisamos mudar também.  Esse filme trata de assuntos sérios com leveza mas sem superficialidade. E tem uma das cenas mais sensuais a que já assisti.
Simplesmente Martha - Cartaz

Título original: (Bella Martha)
Lançamento: 2001 (Alemanha)
Direção: Sandra Nettelbeck
Atores: Martina Gedeck, Maxine Foerste, Sergio Castellito, August Zirner.
Duração: 105 min
Fonte: adorocinema.com

O título do filme Quando me apaixono  sugere uma comédia do tipo "água com açucar". Engano: é um filme sobre relacionamentos, principalmente entre pais e filhos. A personagem April, interpretada por Helen Hunt, (de Melhor é Impossível) está próxima dos quarenta anos, é casada e quer muito ter um filho.
Sendo filha adotiva, ela não vê muito sentido em adotar: quer ter seu próprio filho, mas sonha também em encontrar sua mãe biológica.
Adoro a cena em que o irmão (adotivo) de April diz: "Você acha terrível ser filha adotiva? E o que me diz de ser filho legítimo? As cobranças, a superproteção..."  
Quando me Apaixono - Cartaz
Título original: (Then She Found Me)
Lançamento: 2008 (EUA)
Direção: Helen Hunt
Atores: Helen Hunt, Bette Midler, Colin Firth, Matthew Broderick.
Duração: 100 min
Fonte: adorocinema.com

A ação de As Melhores Coisas do Mundo se desenvolve num colégio de segundo grau.  Seus personagens são jovens cheios de hormônios, incertezas e vontade de viver.  O filme fala do crescimento desses jovens, por meio dos relacionamentos entre eles mesmos e com seus professores e pais.  A direção é de Lais Bodansky, que dirigiu o premiado Bicho de 7 cabeças, com Rodrigo Santoro.  Em As melhores coisas do Mundo ela trata de temas modernos como a utilização da internet  e de temas antigos, mas que só agora passaram a ser dicutidos abertamente, como o bullying e o homossexualismo.  Gostei demais!


Capa do filme As Melhores Coisas do Mundo
Direção: Lais Bodansky
Roteiro:  Luiz Bolognesi
Atores:   Denise Fraga, Francisco Miguez, Gabriela Rocha, Caio Blat, Fiuk.
Fonte:  adorocinema.com

domingo, 13 de novembro de 2011

POUCAS PALAVRAS

"Nós temos a nossa honra", disse o policial Disraeli e dois aspectos dessa frase me encantaram: O primeiro, a palavra "honra", tão pouco pronunciada no momento que vivemos.  O segundo é que a frase foi dita no plural, o que lhe confere a plena consciência de  fazer parte de um grupo.

Mais tarde, numa entrevista, Disraeli disse: "se aceitasse aquele dinheiro, não poderia encarar minha família, meu pai e meus filhos."  "Procuro transmitir os valores que aprendi com meu pai, que acredito serem os melhores".

Depois, pegou seu quepe, pendurou nas costas a mochila e ficou uma hora e dez minutos num trem até a estação mais próxima de sua casa; andou mais dez minutos a pé, abraçou a família e pode finalmente dormir, com "um sentimento bom de dever cumprido".

Talvez ele nem imagine o quanto encheu de esperança o coração de tantos brasileiros.  Sou-lhe grata por isso.


                                             Fonte: marcoaureliodeca.com.br

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O CADERNO

Eu limpava os moveis da sala, enquanto minha mãe conversava com nossa empregada: as duas sentadas à mesa, com o caderno misterioso entre elas.  Eu já perguntara sobre o caderno a Lia, mas recebera respostas evasivas, o que só serviu para aumentar-lhe o mistério.

Naquele dia, pelo tom cochichado da conversa, percebi que teríamos novidades.  Curiosíssima, tratei de agir de forma metódica e silenciosa, levantando cuidadosamente cada paninho de crochê branco que adornava os móveis escuros, tirando a poeira com capricho, enquanto deixava os ouvidos bem atentos.  Mas nada consegui apurar.

-Cilinha - chamou minha mãe.  Lá fui eu, coração acelerado sem saber o que estava por vir.  Mamãe iniciou uma conversa longa e atrapalhada enquanto o caderno mudava de posição em suas mãos.  - Nada não, concluiu - vai terminar seu serviço. 
Fui: a curiosidade, aguçada por aquela conversa, tornando-me mais lenta e silenciosa.
-    Cilinha! – chamou mamãe pela segunda vez.  Obedeci e deu-se uma conversa parecida com a outra, cheia de reticências e sem sentido, seguida de uma nova dispensa.  Mas, dessa vez, enquanto voltava para minha limpeza, ligando palavras soltas, uma luzinha se acendeu em minha mente.  Já sei! 
Veio o terceiro chamado e a mãe, cada vez mais atrapalhada, foi interrompida por mim. 
-      Não se preocupe, mainha – disse, com ternura, aquela menina de 10 anos de idade, na longínqua década de 1960. -  Eu já sei o que a senhora quer me dizer : é sobre menstruação, não é?  Uma moça foi lá no colégio e explicou tudo, fazendo propaganda do modess.
O modess, que por muito tempo emprestou o nome ao absorvente íntimo, como acontece com a gilete e a xerox, por exemplo, chamava-se  “Absorvente higiênico Modess Pétala Macia” e uma de suas formas de divulgação era uma fotonovela de uma página onde a mocinha dizia estar “naqueles dias”.  Eu, que adorava fotonovelas, lia a historinha sem saber o significado daquela expressão.

Mamãe sorriu, aliviada, e me abraçou.  O caderno, disse Lia, é onde a gente anota as datas e escreve pensamentos sobre "ser moça", por isso não podia te mostrar.   Fiquei feliz e temerosa.  Agora eu sabia oficialmente o que era menstruação, mas quando chegaria minha vez?  Desejei, secretamente, que demorasse muito, muito tempo.

O caderno

Eu limpava os moveis da sala, enquanto minha mãe conversava com nossa empregada: as duas sentadas à mesa, com o caderno misterioso entre elas.  Eu já perguntara sobre o caderno a Lia, mas recebera respostas evasivas, o que só serviu para aumentar-lhe o mistério.

Naquele dia, pelo tom cochichado da conversa, percebi que teríamos novidades.  Curiosíssima, tratei de agir de forma metódica e silenciosa, levantando cuidadosamente cada paninho de crochê branco que adornava os móveis escuros, tirando a poeira com capricho, enquanto deixava os ouvidos bem abertos.  Mas nada consegui apurar.

- Cilinha - chamou minha mãe.  Lá fui eu, coração acelerado sem saber o que estava por vir.  Mamãe iniciou uma conversa longa e atrapalhada enquanto o caderno mudava de posição em suas mãos.  - Nada não, concluiu - vai terminar seu serviço. 
Fui, a curiosidade, aguçada por aquela conversa, tornando-me mais lenta e silenciosa.
Cilinha! – chamou mamãe pela segunda vez.  Fui e deu-se uma conversa parecida com a outra, cheia de reticências e sem sentido, seguida de uma nova dispensa.  Mas, dessa vez, enquanto voltava para minha limpeza, ligando palavras soltas, uma luzinha se acendeu em minha mente.  Já sei! 
Veio o terceiro chamado e a mãe, cada vez mais atrapalhada, foi interrompida por mim. 
-                      Não se preocupe, mainha – disse, com ternura, aquela menina de 10 anos de idade, na longínqua década de 1960. -  Eu já sei o que a senhora quer me dizer : é sobre menstruação, não é?  Uma moça foi lá no colégio e explicou tudo, fazendo propaganda do modess.
O modess, que por muito tempo emprestou o nome ao absorvente íntimo, como acontece com a gilete e a xerox, por exemplo, chamava-se  “Absorvente higiênico Modess Pétala Macia” e uma de suas formas de divulgação era uma fotonovela de uma página onde a mocinha dizia estar “naqueles dias”.  Eu, que adorava fotonovelas, lia a historinha sem saber o significado daquela expressão.

Mamãe sorriu, aliviada, e me abraçou.  O caderno, disse Lia, é onde a gente anota as datas e escreve pensamentos sobre ser moça, por isso não podia te mostrar.   Fiquei feliz e temerosa.  Agora eu sabia oficialmente o que era menstruação, mas quando chegaria minha vez?  Desejei, secretamente, que demorasse muito, muito tempo.