sexta-feira, 22 de abril de 2011

IRINA PALM

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Maggie é uma dona de casa inglesa, viúva, que divide sua vida entre os afazeres domésticos, as visitas ao neto e um jogo de cartas semanal com as amigas.  Diante da doença grave de seu neto, cuja única esperança de cura é um tratamento em Melbourne, Austrália, Maggie é obrigada a procurar um emprego que lhe permita ajudar o filho a custear o tratamento.  Sem formação ou experiência, aceita um trabalho no mínimo... inusitado.  E é no exercício dessa função que ela se transforma em Irina Palm.

O tema do filme “Irina Palm”, disponível em DVD, é a transformação pela qual uma pessoa pode passar, dependendo das circunstâncias de vida que se lhe impuserem.
Maggie, sempre contida em suas emoções, escondida pelas roupas escuras e fechadas, interagindo com o mundo por meio de poucas palavras, expandindo-se um pouco apenas quando em contato com o netinho, descobre, perplexa, um mundo diferente do que até então conhecia, mas vai em frente, movida pelo nobre objetivo que a impulsiona.

Nessa caminhada, ela enfrentará preconceitos, será injustamente julgada e finalmente descobrirá a beleza de viver plenamente.  Preciosa a cena em que ela pede, na lojinha do bairro, uma caixa de barra de cereais - “faz muito tempo que eu desejo comer isto”.     

Marianne Faithfull interpreta Maggie/Irina de forma contida, porém rica em sutilezas.

Irina Palm é um belo filme, original e delicado.  Assisti duas vezes e amei!

Título original: (Irina Palm)
Lançamento: 2007 (Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Inglaterra)
Direção: Sam Garbarski
Atores: Marianne Faithfull, Miki Manojlovic, Kevin Bishop, Siobhan Hewlett.
Duração: 103 min
Em Brasília, encontre na Cult vídeo.


domingo, 10 de abril de 2011

Meu encontro com ela


Ouço falar dela desde criança e quando estudava num colégio de meninas, e era tímida, passei alguns “recreios” lendo sobre seu autor.  Assim, descobri que ele, Leonardo, não é apenas um dos artistas plásticos mais importantes de todos os tempos mas, por ser dono de grande engenhosidade e imaginação, idealizou conceitualmente o helicóptero, o uso de energia solar concentrada, um tanque, a calculadora e outros inventos significativos.

Mas é por meio da Mona Lisa, sua pintura mais famosa, que Leonardo da Vinci foi imortalizado.  A Mona Lisa despertou, através dos tempos, curiosidade, inspiração e diversos afetos, para o bem e para o mal. Em sua homenagem, músicas foram compostas e cantadas, de  Nat King Cole a Britney Spears;  e filmes foram concebidos, desde o La Gioconda, do italiano Roberto Rosselini até O sorriso da Monalisa, que aborda os valores feminininos.

O intrigante sorriso da modelo, também despertou muita especulação.  A mais absurda delas, difundida há alguns anos, é que a modelo seria um autorretrato do próprio Leonardo, feito para satisfazer seus desejos de feminilidade.
Entretanto, os críticos sérios dizem que o grande atrativo do quadro, o que o torna único é que, ao caminhar diante dele, em qualquer direção, tem-se a ilusão de que a mulher retratada o segue com o olhar.
Quando assisti ao filme O Código da Vinci, criei a fantasia de que poderia contemplar a Monalisa sozinha e em silêncio.  Ledo engano: quando chegou meu momento de finalmente vê-la, ao vivo e em cores, a realidade era bem diferente da imaginação: flashes de inúmeras máquinas fotográficas piscavam, nas mãos de pessoas que se acotovelavam, quase caindo sobre o anteparo que isola o quadro, no Museu do Louvre, em Paris.

 Pensando nas inúmeras fotos disponíveis da Monalisa, decidi que não queria produzir mais uma, e que dedicaria aquele curto espaço de tempo para, simplesmente, contempla-la.  Tentando abstrair as presenças incômodas dos outros visitantes, concentrei-me no quadro: olhei. Apenas olhei aquela figura de mulher, os braços levemente cruzados sob o busto, os cabelos lisos e longos, o meio sorriso perene, o olhar...o olhar.. o olhar!  De repente, o mundo se iluminou, e aquele momento adquiriu um novo significado: os olhos da Mona Lisa me viram e o olhar da Mona Lisa se iluminou apenas para mim.  Era um olhar de alegria, de felicidade e vida, aquele que surge em nossos olhos quando ficamos felizes ao ver alguém.

Não sei o tipo de milagre que Leonardo da Vinci fez com a luz, mas o fato é que a Mona Lisa se oferece inteira a quem realmente quiser vê-la.  Estou certa de que seu olhar se iluminará para todos que a contemplarem, renunciando à obsessão fotográfica que assola o mundo contemporâneo.

Nada contra a fotografia, claro.  Ela serve para reviver bons momentos e recriar dento da gente a emoção vivida, mas percebo que também é preciso parar e contemplar.  Na ilusão de que, fotografando, estamos nos apoderando do imponderável, vamos perdendo de vista a melhor forma de guardar algo bom e belo: pelos olhos da alma e nos recantos do coração.

Meu encontro com ela aconteceu há seis meses, mas posso rever a luz daquele olhar a qualquer instante.  Estou certa de que aquela visão estará dentro de mim, até mesmo depois que se passar muito tempo, pois foi uma daquelas sensações que se gravam de forma indelével em nossa alma.  Grata, Leonardo da Vinci, pelo presente que deu ao mundo, este tão louco e árido mundo que seria ainda mais duro sem sua arte.