domingo, 10 de novembro de 2013

NO SALÃO E BELEZA II




Era o último dia do ano e eu havia marcado a manicure logo no primeiro horário.  O salão, que ficava na minha rua, mudara-se recentemente para o primeiro andar de uma galeria.  Era a primeira vez que ia a esse endereço. As escadas estavam mal-iluminadas e eu estava atrasada uns 15 minutos.  Por isso, estranhei  quando encontrei a porta fechada.

Que fazer? – pensei.  Apurei a vista, tentando enxergar algo pelo vidro, mas vi apenas o meu reflexo.   Resolvi então experimentar o trinco.   Já faz mais de 10 anos e não esqueço o rosto do homem, pois foi a primeira coisa que vi.  Ele estava sentado no lavatório e a dona do salão  sentava-se sobre ele.
Ela usava apenas uma blusa de alcinhas quando pulou direto do colo do homem para a porta.

- Bom dia! - Eu disse, como se fosse a coisa mais natural do mundo encontrar alguém transando no local de trabalho, durante o expediente.    
- Bom dia... – respondeu a mulher.
 - As meninas chegaram?  - perguntei.  E ela: só às nove horas.

Agradeci e fui embora.  Minhas pernas tremiam terrivelmente.  Estava envergonhada como se tivesse feito algo muito errado.  Saí daquela escuridão para o ensolarado dia de dezembro e   a luz do sol me ofuscou a visão.  Caminhei devagar até a casa da costureira, enquanto examinava a situação: concluí que eu não fizera nada errado, uma vez que tinha hora marcada e estava, inclusive, atrasada.    
Agora, relembrando esse episódio, vejo que meu sentimento foi de vergonha alheia.  Afinal, como diz o velho ditado “onde se ganha o pão, não se come a carne”, muito menos com as portas abertas.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

NO SALÂO DE BELEZA I


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De passagem numa cidade à qual sempre vou, adotei um novo salão de beleza: bons  serviços, profissionais competentes e simpáticos, fiquei freguesa.
Ontem, ao chegar, estranhei  porque cabeleireiro  e manicure sumiram ao me ver.  Mesmo assim, entrei e fui interceptada pela proprietária:
- Quero falar contigo, mas aqui fora.  O que aconteceu? - pergunto perplexa, porque a moça tem um ar de mistério.  Dá-se, então, o seguinte diálogo: 




Ela - Você é espírita?
Eu – Não...
Ela – Na primeira vez em que você veio aqui, entrou “alguém” com você.
Eu (com muita vontade de olhar pra trás)– alguém?!
Ela – Entrou com você e saiu com outra pessoa
Eu -?!
Ela – Na segunda vez, entrou com você, pegou no cabeleireiro e não quis falar de jeito nenhum.
Eu – Por que você está me dizendo isso?
Ela – Porque você pode não estar sabendo...
Eu (humilde) – Se você quiser, eu não venho mais aqui. 
Ela (num tom de voz autoritário) – Você é bem-vinda, mas quem vem com você não entra no meu salão!
Fiquei com muita vontade de dar meia-volta e me afastar dali.  Mas não quis ser desagradável.
Fiz unhas e cabelo meio sem graça.  Aceitei água e café que Ela me ofereceu.  Na hora de pagar:

Eu – quero dizer uma coisa: para mim, o mais importante é estar com Deus.
Ela – Tudo bem, mas me ajude!

Saí de lá decidida a nunca mais voltar!

 Deixando de lado as questões religiosas, penso que a atitude d’Ela, foi, no mínimo, imprudente.  A conseqüência  é perder uma cliente.  Misturar aspectos pessoais e profissionais é sempre perigoso. Quanto a mim, prefiro freqüentar lugares em que as pessoas me vejam sozinha, se assim eu estiver.